Quais são os fatores que facilitam a candidíase?

Depois da vaginose bacteriana , a candidíase vulvovaginal (VVC) é considerada a segunda infecção vaginal mais comum, afetando 75–80% das mulheres pelo menos uma vez na vida, causada principalmente pela Candida albicans. Até 9% das mulheres em diferentes populações apresentam mais de três episódios por ano, o que é definido como candidíase vulvovaginal recorrente (RVVC).

Apesar da patogênese distinta, os sintomas da vaginite fúngica e da vaginose bacteriana são frequentemente confundidos, resultando em diagnósticos imprecisos e em tratamentos incorretos e ineficazes.

A candidíase é considerada um distúrbio multifatorial, onde um desequilíbrio da microbiota vaginal, fatores predisponentes da mulher, bem como as cepas da Candida, provavelmente favorecem a ocorrência da doença.

O microbioma vaginal é geralmente habitado por comunidades bacterianas, principalmente representadas pelo gênero Lactobacillus, como L. iners e L. crispatus, e por fungos, comumente chamados de micobioma. As espécies de Candida são os organismos fúngicos mais abundantes no micobioma vaginal; assim, podem ser agentes causadores de infecções vaginais sob certas condições.

Acredita-se que as espécies de Lactobacillus favoreçam um microbioma vaginal saudável tanto pela acidificação do ambiente, por meio do metabolismo anaeróbico do glicogênio em ácido D-láctico, quanto pela produção de peróxido de hidrogênio (H₂O₂), cuja atividade antimicrobiana provavelmente inibe a invasão da Candida.

Vários fatores podem alterar a microbiota vaginal em pacientes com VVC: primeiramente, mudanças na comunidade de Lactobacillus (por exemplo, L. acidophilus, L. gasseri e L. vaginalis); em segundo lugar, uma condição de alto estrogênio (como: terapia de reposição de estrogênio, segunda fase do ciclo menstrual ou gravidez). Essas condições prejudicam o equilíbrio entre tolerância e invasão, levando à adesão da Candida ao epitélio mucoso, crescimento anormal de fungos e aumento do risco de desenvolver infecções pelo fungo.

Além disso, um amplo espectro de fatores predisponentes relacionados a saúde e comportamento da mulher podem favorecer a ocorrência e recorrência da candidíase, como diabetes mellitus tipo 2, uso de medicamentos que provocam imunossupressão, antibióticos, uso de contraceptivos e dispositivos intrauterinos. No entanto, como cerca de 20–30% das pacientes com VVC são mulheres saudáveis sem fatores predisponentes, também foi sugerido que diferenças interindividuais, como genética, etnia, bem como tipos e ocorrência das cepas de Candida, possam desempenhar um papel fundamental na patogênese da candidíase idiopática.

Se você apresentar sintomas vulvovaginais, não deixe de procurar o seu médico para realização de boa anamnese, exame físico e microscopia a fresco. Procure evitar a automedicação ou tratamentos prescritos por mensagem, a chance de serem incorretos e causarem mais problemas para seu meio vaginal não é pequena.

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